Regionalismo, denúncia e impacto em obra goiana.
Ana Maria Pacheco, retrata em "Exercícios de Poder", assim como em toda a sua obra, os arquétipos do povo sertanejo do Brasil, mais precisamente de sua terra natal, Goiânia, de uma forma universal, contemplando influências africanas, asiáticas, proto-europeias e ameríndias. Mas nesta obra em particular, Ana Maria Pacheco destaca o poder como interventor emocional no espectador a partir de um grupo de três figuras que em conjunto sugerem um ambiente de opressão, indiferença e maldição.
A figura, composta por três pessoas em escala maior que o real e esculpidas em madeira policromada e sobre uma base de arenito. Duas destas figuras se posicionam de pe em relação à terceira. Uma delas veste terno, a segunda veste uma roupa inteiramente preta e a terceira, além de estar deitada e nua, possui dimensões diferenciadas em seus membros e tronco, além de ser assexuada.
A idéia principal nesta composição é de passar um clima de opressão e indiferença das duas imagens de pé em relação à terceira deitada. O uso de cabeças baseadas em fantoches proporciona um semblante apático, inabalável. A estrutura dentária é minúscula em relação ao todo, conferindo aos sorrisos um ar animalesco e carnívoro. A falta de equivalência de proporção entre membros e troncos demonstra a falta de complacência em relação à imagem deitada. A posição em que ficam e a relação que as imagens tem com o solo assemelha-se a dinâmica dos troncos de arvores, estáticos, indiferentes. A falta de ombros que une a cabeça diretamente ao tronco sinaliza o sarcasmo das imagens e retas. Seus sorrisos e seus olhares mostram a satisfação destas com a situação da nua imagem, que em contraste, tem uma feição de agonia.
Deitada e despida, esta terceira imagem se mostra indefesa e vulnerável. Seus pés, atados com corda real a um suporte de madeira, conferem a imagem a falta de liberdade de defesa e a dependência de um ser alheio, que não existe na composição. Sua disposição, deitado e com membros que aparentam ser menor que o real em relação ao tamanho do corpo, sugerem uma feição infantil, no sentido de sua inocência e dependência.
A relação entre as três obras ainda confere uma terceira visão, quando analisada em conjunto com os espectadores. Quem vê a obra, ao fazer parte da mesma, se coloca em uma posição de impotência em relação às figuras de pé pelo fato de serem maiores. O fato de as duas imagens de pé estarem se olhando e olhando para o terceiro elemento deitado confere um ar de indiferença em relação aos espectadores, reforçando a sensação de impotência nos mesmos.
Em suma, podemos retirar desta composição, uma gama enorme de visões acerca do poder e da sua reação externa, bem como de suas conseqüências. O espectador é levado a criar uma história acerca daquela situação estática e imutável e comprar com suas experiências prévias, passando a questioná-las vivenciando-as. O poder político, religioso, paternalista, sexual, intelectual, monetário, dentre outros, sempre com suas conotações más exacerbadas são tema desta obra, rica em interpretações e vivenciações.
Exemplos
Todas as obras de Ana Maria Pacheco serviriam para exemplificar a composição Exercícios de Poder, pois a autora evoca, desde sua origem, os mitos, religiosos e culturais de seu povo e sua terra natal em sua obra. Porém, podemos citar como exemplos mais específicos às obras mais próximas deste momento de sua carreira. As gravuras feitas para mostra na Blackheath Gallery, de Londres, mais particularmente, a série “Entre Mitcham e Croydon – a herança dos velhos” que era composta por duas chamadas de “Diálogos”, onze chamadas de “Desta vez eles vieram para ficar” e duas chamadas de “O Banquete”. Todas elas tinham em comum os elementos contidos em “Exercícios de Poder”, porem, com particularidades que caracterizam esta ultima como uma evolução em sua carreira.
A figuras humanas possuíam a mesma estrutura de cabeças, já articuladas, maiores que a proporção corpórea, porém neste momento, os corpos eram densos e não possuíam braços, conferindo um ar de insuficiência as obras. As vestes, rústicas e largas como os corpos ou ternos e gravatas pretas com camisas brancas já mostram o que a por vir, carregando a mesma função que as identificadas na obra “Exercícios de Poder”.
Estas obras carregam em seu perfil uma áurea que envolve obsessões infantis e modos de vida burgueses, burocrata. A visão político-econômica dentro destas obras lhe dava um caráter universal de terceiro mundo muito rico e firme. Seus semblantes transpareciam ora sentimentos de alegria e deleite, ora de horror, maquiavelismo. Estas contradições percebidas na obra de Ana Maria Pacheco permanecem para a criação de “Exercícios de Poder”, e conferem a ela o sucesso no que diz respeito à fidelidade e eficácia do tema.
A figura, composta por três pessoas em escala maior que o real e esculpidas em madeira policromada e sobre uma base de arenito. Duas destas figuras se posicionam de pe em relação à terceira. Uma delas veste terno, a segunda veste uma roupa inteiramente preta e a terceira, além de estar deitada e nua, possui dimensões diferenciadas em seus membros e tronco, além de ser assexuada.
A idéia principal nesta composição é de passar um clima de opressão e indiferença das duas imagens de pé em relação à terceira deitada. O uso de cabeças baseadas em fantoches proporciona um semblante apático, inabalável. A estrutura dentária é minúscula em relação ao todo, conferindo aos sorrisos um ar animalesco e carnívoro. A falta de equivalência de proporção entre membros e troncos demonstra a falta de complacência em relação à imagem deitada. A posição em que ficam e a relação que as imagens tem com o solo assemelha-se a dinâmica dos troncos de arvores, estáticos, indiferentes. A falta de ombros que une a cabeça diretamente ao tronco sinaliza o sarcasmo das imagens e retas. Seus sorrisos e seus olhares mostram a satisfação destas com a situação da nua imagem, que em contraste, tem uma feição de agonia.
Deitada e despida, esta terceira imagem se mostra indefesa e vulnerável. Seus pés, atados com corda real a um suporte de madeira, conferem a imagem a falta de liberdade de defesa e a dependência de um ser alheio, que não existe na composição. Sua disposição, deitado e com membros que aparentam ser menor que o real em relação ao tamanho do corpo, sugerem uma feição infantil, no sentido de sua inocência e dependência.
A relação entre as três obras ainda confere uma terceira visão, quando analisada em conjunto com os espectadores. Quem vê a obra, ao fazer parte da mesma, se coloca em uma posição de impotência em relação às figuras de pé pelo fato de serem maiores. O fato de as duas imagens de pé estarem se olhando e olhando para o terceiro elemento deitado confere um ar de indiferença em relação aos espectadores, reforçando a sensação de impotência nos mesmos.
Em suma, podemos retirar desta composição, uma gama enorme de visões acerca do poder e da sua reação externa, bem como de suas conseqüências. O espectador é levado a criar uma história acerca daquela situação estática e imutável e comprar com suas experiências prévias, passando a questioná-las vivenciando-as. O poder político, religioso, paternalista, sexual, intelectual, monetário, dentre outros, sempre com suas conotações más exacerbadas são tema desta obra, rica em interpretações e vivenciações.
Exemplos
Todas as obras de Ana Maria Pacheco serviriam para exemplificar a composição Exercícios de Poder, pois a autora evoca, desde sua origem, os mitos, religiosos e culturais de seu povo e sua terra natal em sua obra. Porém, podemos citar como exemplos mais específicos às obras mais próximas deste momento de sua carreira. As gravuras feitas para mostra na Blackheath Gallery, de Londres, mais particularmente, a série “Entre Mitcham e Croydon – a herança dos velhos” que era composta por duas chamadas de “Diálogos”, onze chamadas de “Desta vez eles vieram para ficar” e duas chamadas de “O Banquete”. Todas elas tinham em comum os elementos contidos em “Exercícios de Poder”, porem, com particularidades que caracterizam esta ultima como uma evolução em sua carreira.
A figuras humanas possuíam a mesma estrutura de cabeças, já articuladas, maiores que a proporção corpórea, porém neste momento, os corpos eram densos e não possuíam braços, conferindo um ar de insuficiência as obras. As vestes, rústicas e largas como os corpos ou ternos e gravatas pretas com camisas brancas já mostram o que a por vir, carregando a mesma função que as identificadas na obra “Exercícios de Poder”.
Estas obras carregam em seu perfil uma áurea que envolve obsessões infantis e modos de vida burgueses, burocrata. A visão político-econômica dentro destas obras lhe dava um caráter universal de terceiro mundo muito rico e firme. Seus semblantes transpareciam ora sentimentos de alegria e deleite, ora de horror, maquiavelismo. Estas contradições percebidas na obra de Ana Maria Pacheco permanecem para a criação de “Exercícios de Poder”, e conferem a ela o sucesso no que diz respeito à fidelidade e eficácia do tema.