Se a arte contemporânea tem limites, Marcelo Cidade os testa...
Marcelo Cidade sendo "Fuzilado" por cinco pessoas, enquanto lia uma lista de fatos históricos e revoluções populares.
Vamos partir da seguinte análise histórica: se desde o Cubismo, as artes plásticas passam a sair da rigidez das telas e esculturas, passando a ter uma conotação mais livre. Passa a ser mais interativa e multimidiática, no sentido que mistura diversas formas de arte e recursos para a criação. Então, por que não classificar a performance “Fuzilamento” de Marcelo Cidade como uma manifestação artística? Nela, cinco pessoas atiram cimento em um sexto elemento, despido, e em posse de um manifesto onde relaciona diversos fatos históricos e revoluções populares, podemos julgar isso como arte?
Marcelo Cidade expressa-se de uma forma muito bem sucedida no episodio analisado, no Itaú Cultural em 2005. Podemos dizer que se tornando uma estatua após a leitura de um manifesto, regado a revoluções sociais e pessoais e do “martírio” do próprio fuzilamento com o cimento atirado por seus parceiros. O artista mostra como os agentes transformadores da sociedade são ao mesmo tempo discriminados por uns que o fuzilam, tornam-se célebres pelas suas conquistas, como nas representações do período Clássico dos nomes notáveis de nossa história.
De repente uma voz ecoa: "Foi uma agressão. Já fui a outras performances e a espetáculos de teatro como o da "La Fura dels Baus", mas o público sempre é avisado que é interativo". Palavas da economista e artista plástica Rebeca Lisbona, 52 anos, atingida pelo cimento atirado em Marcelo. Neste caso especifico, a revolta da espectadora atingida pelo cimento e posterior repúdio da mesma por parte dos demais espectadores, acaba por agregar a peça algo mais forte ainda: a transição da figuração da obra no que diz respeito a mensagem nela contida, com a realidade da mostra, recriando em um acontecimento imprevisível a mesma divergência de opiniões que os agentes da sociedade criam com suas lutas.
Marcelo Cidade expressa-se de uma forma muito bem sucedida no episodio analisado, no Itaú Cultural em 2005. Podemos dizer que se tornando uma estatua após a leitura de um manifesto, regado a revoluções sociais e pessoais e do “martírio” do próprio fuzilamento com o cimento atirado por seus parceiros. O artista mostra como os agentes transformadores da sociedade são ao mesmo tempo discriminados por uns que o fuzilam, tornam-se célebres pelas suas conquistas, como nas representações do período Clássico dos nomes notáveis de nossa história.
De repente uma voz ecoa: "Foi uma agressão. Já fui a outras performances e a espetáculos de teatro como o da "La Fura dels Baus", mas o público sempre é avisado que é interativo". Palavas da economista e artista plástica Rebeca Lisbona, 52 anos, atingida pelo cimento atirado em Marcelo. Neste caso especifico, a revolta da espectadora atingida pelo cimento e posterior repúdio da mesma por parte dos demais espectadores, acaba por agregar a peça algo mais forte ainda: a transição da figuração da obra no que diz respeito a mensagem nela contida, com a realidade da mostra, recriando em um acontecimento imprevisível a mesma divergência de opiniões que os agentes da sociedade criam com suas lutas.
É com este clima de contestação extrema que podemos classificar a intervenção de Marcelo Cidade como artística. Uma performance mesmo que fora dos padrões estéticos tangenciais às belas artes, torna-se artística quando atinge o objetivo de criar uma sensação ao espectador, gerando reação, reflexão e mudança de comportamento. Por mais que a compreensão deste tipo de expressão como arte possa ser difícil a um primeiro momento, ela adquire status justamente porque atende os quesitos emotivos, racionais e morais a que se exige de uma peça artística.